Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito;
Mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que de tristeza.
Que a mulher que eu amo
seja pra sempre amada
Mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida;
Mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece,
e nem repetidas com fervor.
Apenas respeitadas.
Como a única coisa que resta
a um homem inundado de sentimentos.
Porque metade de mim é o que ouço;
Mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço.
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso;
mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste,
e que o convívio comigo mesmo
se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância.
Por que metade de mim é a lembrança do que fui;
A outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo;
Mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba,
E que ninguém a tente complicar,
Porque é preciso simplicidade
pra fazê-la florescer.
Porque metade de mim é plateia;
E a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor;
E a outra metade também!
Nascido no bairro do Grajaú,
Oswaldo é um caso excepcional de precocidade musical. Sem nunca ter
estudado música regularmente, começou desde a tenra infância a ser
influenciado por ela. Primeiro, na casa de seus pais no Rio de Janeiro:
sua mãe e os pais dela tocavam piano, seu pai tocava violão e cantava.
A segunda influência foi mais forte. Aos oito anos, mudou-se, com os pais, para São João del-Rei,
cidade mineira poética e boêmia, onde as serestas aconteciam todas as
noites e as pessoas juntavam os amigos em casa para passar as noites
tocando e cantando. Ao mesmo tempo, Oswaldo foi atraído para a música barroca das igrejas. Nesta época, teve aulas de violão com um dos seresteiros da cidade e compôs sua primeira canção, Lenheiro,
nome do rio que banha São João del-Rei. Venceu um festival de música
com apenas 13 anos, no Rio de Janeiro, onde voltou a morar.
A decisão de se tornar um músico profissional veio com a mudança para Brasília, em 1971. Na capital federal, começou a ter contato com festivais e grupos de teatro e de dança estudantis. Fez seus primeiros shows
e aos 17 anos a decisão de viver da música se tornou definitiva.
Mudou-se novamente para o Rio, mas já havia adotado Brasília como a
terra de seu coração e tema constante de sua obra. Também seus parceiros
preferidos foram amigos que fez ali, como José Alexandre, Mongol e
Madalena Salles, entre outros.
Foi ainda em Brasília que tomou contato com a música erudita nos concertos do Teatro Nacional.
Não só assiste aos concertos com seus amigos músicos, entre eles o
maestro Otávio Maul e a família Prista Tavares, mas entra pelas
madrugadas conversando sobre técnica e teoria musicais. Autodidata,
devora livros sobre história da música.
A partir daí, morando no Rio mas com os olhos e o coração postos em
Brasília, sua carreira deslancha. Tem música classificada no último
Festival da Canção da Rede Globo, o primeiro de repercussão nacional de que participa (1972), escreve e encena seu primeiro musical (1974-1975), lança três discos em três anos (1975-8) e vence festival na TV Tupi com seu primeiro megasucesso, Bandolins (1979).
Em 1980, participa em, e vence, o Festival MPB 80 da Rede Globo de Televisão com a canção Agonia, do amigo de infância Mongol. Mesmo com tanto sucesso, decide retornar a Brasília para montar em 1982, outro espetáculo musical, Veja Você, Brasília, com artistas locais. Deste espetáculo participam as ainda desconhecidas Cássia Eller e Zélia Duncan.
Depois desta, viriam outras peças de teatro musical, uma
particularidade bem marcante na trajetória de um músico brasileiro e que
resgata uma maneira de divulgar música abandonada na primeira metade do
século 20. São mais de 14 peças musicais, todas recorde de público e
algumas, como "Noturno", "A Dança dos Signos" e "Aldeia dos Ventos", estão em cartaz há mais de 15 anos e com montagens por todo o país.
Em 1985, participa do Festival dos Festivais, também pela Rede Globo, com a música O Condor, com acompanhamento de um coro de 25 cantores negros. Não para de gravar discos. Até 2006, são 34. Composições suas são interpretadas por Ney Matogrosso, Sandra de Sá, Paulinho Moska, Zé Ramalho, Alceu Valença, Zizi Possi, Zélia Duncan, Jorge Vercilo, Altemar Dutra, Gonzaguinha, Sivuca, Tânia Maya, entre outros. Até a atriz Glória Pires cantou em participação especial de um disco seu (1985).
Em 1994, Oswaldo lança seu primeiro livro — O Vale Encantado — um livro infantil, no mesmo ano indicado pelo MEC, através da Universidade de Brasília, para ser adotado nas escolas de 1º grau. Em 1997, adapta o livro para vídeo.
Em 1995 lança o cd "Aos Filhos do Hippies" com participação de Carlos Vereza e Geraldo Azevedo.
Em 1997, Oswaldo reencontra Roberto Menescal. Durante a conversa,
surge o tema "letras de músicas da MPB que são verdadeiros poemas". Daí
vem à ideia do CD "Letras Brasileiras". Menescal produz o CD, que é
lançado no mesmo ano, e participa da tournée do show. Ainda em 97 grava e
lança o vídeo "O Vale Encantado", que conta no elenco com a
participação de Zico, Roberto Menescal, Fafy Siqueira, Luísa Parente, Tânia Maya
e Madalena Salles. É lançado, também, o CD do mesmo nome. Lança,
também, nesse mesmo ano, o CD do espetáculo "Noturno", pela Tai
Consultoria em Talentos Humanos e Qualidade.
Em 1998 recebe o título de cidadão honorário de Brasília, concedido
pela Câmara Legislativa do DF. Nesse mesmo ano, Oswaldo volta às
montagens teatrais. Monta novamente "Léo e Bia", numa versão mais madura
e coerente com a postura que ele tem, atualmente, daquela história.
Grava o CD homônimo, também com Menescal. Monta, ainda, com elenco de
Brasília, a 2ª versão de "A Aldeia dos Ventos".
Em 1999, apresenta três espetáculos, no Teatro de Arena, no Rio de Janeiro: "Léo e Bia", "A Dança dos Signos" e o inédito "A Lista" com a participação da atriz Bárbara Borges e do cantor Rafael Greyck, lançando, nessa temporada, os CDs dos 2 últimos.
Em 2000, comemora os 20 anos de carreira com o show "Vinte Anos de
Histórias" e com os CDs "Letras Brasileiras ao Vivo" e "Escondido no
Tempo". Dedica-se, também, à série "Só Pra Colecionadores", de CDs
independentes, de tiragem limitadíssima, vendidos apenas via internet.
Neste ano seus fãs criam seu primeiro fã-clube virtual, o OMOL (Oswaldo
Montenegro online), onde admiradores de seu trabalho, através de um site
na internet e posteriormente no ORKUT, se reúnem para conversar e
interagir sobre sua obra e sobre a obra de artistas que com ele
trabalharam. Em Florianópolis monta o musical Lendas da Ilha com mais 50 artistas locais entre eles Paulinho Dias e Cleiton Profeta do Circus Musicalis.
Em 2001 monta em SP a peça “A Lista” com a participação de Bruna di Tullio e Mayara Magri no elenco.
Em 2002 lança o CD “Estrada Nova”, cuja turnê bate recorde de
público. Neste cd são gravadas novas músicas em parceria com Mongol.
Em 2003 regrava a uma nova trilha de “A Aldeia dos Ventos”.
Em 2004 lança o CD “Letras Brasileiras 2”, em parceria com Roberto Menescal,
além do programa “Tipos”, no Canal Brasil, no qual retrata com músicas,
textos e desenho animado, tipos humanos como a bailarina gorda, o
chato, etc...
Em 2005 lança CD e DVD “Oswaldo Montenegro - 25 Anos de História”, que alcançam, ambos, a marca das 100 mil cópias.
Em 2006 lança, no Canal Brasil, em parceira com Roberto Menescal,
o programa "Letras Brasileiras", apresentado por ambos. O programa foi
inspirado no CD e no show que Oswaldo e Menescal apresentaram em 1997 por todo o país. Monta no Rio de Janeiro a peça "Tipos" e remonta Aldeia dos Ventos, com participação da atriz Camila Rodrigues, com a "Cia Aqui entre nós".
Em 2007, lança o cd e DVD "A Partir de Agora", gravando músicas inéditas com convidados como Alceu Valença, Zé Ramalho, Eduardo Costa, Diogo Guanabara e Mariana Rios. Na TV, inicia a segunda temporada do programa "Letras Brasileiras" ao lado de Roberto Menescal no Canal Brasil.
No teatro, em parceria com o irmão Deto Montenegro, monta o espetáculo
"Tipos" junto com a Oficina dos Menestréis de São Paulo.
Em 2008 lança, pela gravadora Som Livre, um novo DVD e CD chamado
"Intimidade". Estes trazem 16 canções bastantes conhecidas com um novo
arranjo elaborado pelo próprio Montenegro, por Sérgio Chiavazzoli e por
Alexandre Meu Rei. Destaque para "Lume de Estrelas" que foi apenas
gravada no disco "Asa de Luz" em 1981. Na TV, inicia a terceira
temporada do programa "Letras Brasileiras", que apresenta com Roberto Menescal no Canal Brasil. No teatro, monta no Rio de Janeiro o espetáculo "Eu não moro, comemoro", com participação de Caio Ruas Miranda e Emílio Dantas
e o "Projeto Canjas", onde abre espaço para jovens talentos se
apresentarem ao lado de artistas consagrados. No fim do ano, tem alguns
de seus maiores sucessos lançados em uma coletânea de 3 cds (3 BOX) pela
Warner Music.
Em 2009 se dedica a formação de um grupo para montagens de musicais
reunindo cantores, músicos, atores e atrizes como Verônica Bonfim, Léo
Pinheiro, Rodrigo Sestrem, Emílio Dantas, Cibelle Hespanhol, Luísa
Pitta, Renato Luciano, Larissa Landim e Shirlene Paixão, e estreia o
musical "Filhos do Brasil" no Teatro do Jockey (RJ). Grava em São Paulo
seu terceiro DVD: "Quebra Cabeça elétrico", lançado em outubro.
Em 2010 estréia do Festival de Recife seu longa-metragem "Léo e Bia" e lança o cd "Canções de Amor".
Em 2011 lança "De passagem", um disco apenas com músicas inéditas.
Em 2012 lança o CD/DVD "Oswaldo Montenegro e CIA Mulungo", com a
trilha sonora do espetáculo teatral "Filhos do Brasil". Também em 2012, a
gravadora Warner Music publica um DVD entitulado "Ensaio" gravado em
1992, juntamente com Sérgio Chiavazzoli.
Lança no mesmo ano o trailer de seu segundo filme intitulado "Solidões"
Musicais
João Sem Nome - 1975
Labirinto - 1977
Veja Você Brasília - 1981
Cristal - 1982
A Dança dos Signos - 1983 e 1999
Léo e Bia - 1984, 1999 e 2006
Os Menestréis - 1986
Aldeia dos Ventos - 1986 e 2006
Noturno -1991
Mayã - 1992
Vale Encantado - 1997
A Lista - 1999
Lendas da Ilha - 2000
Tipos - 2006
Eu não moro, comemoro - 2008 (Oficina dos Menestréis - RJ)